sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Filho da mestiçagem



O basco Francisco de Cortázar é o primeiro Cortázar que se tem notícia. Casado com María Martina Ugarriza, tiveram quatro filhos. Um deles, Valentín de Cortázar Ugarriza, casou com Josefa de Mendiola, que tiveram outros quatro filhos, um deles, nascido no dia 15 de outubro de 1840, Pedro Valentín Cortazar Mendiola.

Bisavô de Julio Cortázar, Pedro Valentín foi parar na Argentina na virada dos séculos XIX e XX, chegando a Salta na onda de imigrantes que buscavam fortuna em outras terras. Lá, conheceu Carmen Arias Tejada, com quem casou e teve sete filhos, um deles, nascido em Salta, no dia 15 de março de 1884, Julio José Cortázar Arias, pai de Julio Cortázar.

A mãe de Cortázar, Maria Hermínia Descotte – nascida no dia 26 de março de 1894 –, era, por sua vez, descendente de franceses e alemães. Seu pai, Luis Descotte Jourdan, imigrou de Paris para Buenos Aires com os pais, Marius Descotte e Emilia Jourdan, proprietários de uma loja de móveis localizada no número 531 da rua Corrientes, onde morava a família. A loja tinha como secretária Victoria Gabel, descendente de alemães de Hamburgo. Maria Hermínia é fruto da relação – dizem, durante algum tempo secreta – de Luis Descotte e Victoria Gabel.

A Argentina vivia então um extraordinário período de crescimento e desenvolvimento econômico, despontando como um importante centro agropecuário e polo de investimentos que atraia uma numerosa mão-de-obra. Entre 1857 a 1930, o país recebeu mais de 6 milhões de imigrantes. Com isso, no início do século XX, três em cada dez habitantes eram estrangeiros.

“Sou resultado dessa mestiçagem produzida pela imigração. Minha combinação de cromossomos é algo bastante complexo. Muitos de nós, argentinos, coincidimos pelo histórico de imigrações do país, que proporcionou uma mescla de raças. Coisa afortunada, porque sigo acreditando que um dos caminhos positivos da humanidade é a mestiçagem. Quanto maior a fusão de raças, mais podemos eliminar os nacionalismos e os patriotismos de fronteiras, absurdos e insensatos”, explicava Cortázar ao jornalista Joaquin Soler Serrano, na entrevista concedida ao  programa “A fondo”, RTVE, Espanha, 1977.